O ouro atingiu na sessão de segunda-feira, 29 de setembro, um recorde nominal histórico, impulsionado pela fraqueza do dólar e pela crescente preocupação com uma possível paralisação do governo dos Estados Unidos (shutdown).
Por volta das 16h45, o contrato futuro mais negociado, com vencimento em dezembro, avançava 1,27%, cotado a US$ 3.857,22 por onça-troy na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).
Durante o pregão, o metal alcançou a máxima intradiária de US$ 3.862,20, acumulando três altas consecutivas.
Por que o ouro disparou?
A valorização do ouro, considerado um ativo de proteção em tempos de incerteza, foi impulsionada por três fatores principais:
- Risco de shutdown nos EUA: o presidente norte-americano Donald Trump convocou líderes democratas e republicanos para uma reunião na segunda-feira, 29 de setembro, em tentativa de evitar a paralisação parcial do governo. O prazo para um acordo termina na noite de terça-feira, 30 de setembro.
- Perspectiva de corte de juros pelo Fed: investidores ampliaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed) reduzirá a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na reunião de dezembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, as chances de corte estão em 89,3%, acima dos 87,7% registrados na última sexta-feira, 26 de setembro.
- Dólar mais fraco no mercado global: desde janeiro, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas globais, acumula queda de quase 10%, reflexo das incertezas em torno da política comercial do governo Trump. Um dólar enfraquecido torna o ouro mais atrativo para investidores que utilizam outras divisas.
O que os investidores acompanham agora
Além do cenário político e da política monetária, os agentes de mercado aguardam a divulgação do relatório de empregos dos EUA (payroll), que será publicado na próxima sexta-feira, 3 de outubro.
A expectativa é que o documento indique a criação de 51 mil vagas em setembro, após a abertura de apenas 22 mil postos em agosto, segundo projeções compiladas pelo Investing.com.
O dado será fundamental para medir a força do mercado de trabalho norte-americano e, consequentemente, calibrar as apostas sobre o ritmo de cortes de juros pelo Fed.
Ouro segue como ativo de proteção em cenário incerto
Com a combinação de um dólar mais fraco, possibilidade de cortes nos juros e instabilidade política em Washington, o ouro mantém seu papel tradicional de ativo de refúgio.
O movimento de aproximação dos US$ 4 mil por onça-troy reforça a busca dos investidores por segurança em meio à volatilidade dos mercados globais.