Quando o assunto é dividendos, a atenção dos investidores costuma recair sobre gigantes como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), bancos ou elétricas. No entanto, um nome menos óbvio, a PagBank (PAGS34), vem ganhando destaque, especialmente após a administração apresentar sua estratégia em uma teleconferência com investidores no início de 2025.
A ação já acumula alta de 45% em 2025 e chamou a atenção após a administração reforçar sua estratégia e anunciar um pacote bilionário em dividendos e recompra de ações.
De acordo com o BTG Pactual, a companhia pretende distribuir R$ 400 milhões em dividendos ainda no segundo semestre de 2025 e outros R$ 1,4 bilhão em 2026.
Somando-se ao programa de recompra de até R$ 1,1 bilhão, o retorno total para os acionistas pode alcançar R$ 2,9 bilhões — equivalente a um dividend yield de quase 18%.
A notícia foi bem recebida pelo mercado: as ações da PAGS34 chegaram a subir mais de 10% em uma única sessão após os anúncios.
Além das maquininhas
O principal diferencial do PagBank é ir além dos pagamentos. A empresa projeta alcançar R$ 25 bilhões em carteira de crédito até 2029, diversificando suas receitas e tornando a divisão bancária cada vez mais relevante em seu resultado.
Segundo o BTG, a empresa planeja acelerar produtos como cheque especial e empréstimos para capital de giro, além de introduzir novas linhas, como crédito consignado privado e financiamentos via Pix.
A expectativa é de spreads mais altos e um foco maior em crédito ao consumidor, com margens mais robustas.
O guidance também indica que o TPV (volume de transações) continuará a crescer a um ritmo próximo de 10% ao ano nos próximos cinco anos, beneficiado por um mercado de pagamentos mais consolidado e competitivo, diferente da “guerra das maquininhas” do passado.
Oportunidade ou risco?
Apesar do otimismo, o BTG destaca que a transição de empresas de pagamento para um modelo bancário é desafiadora em todo o mundo, apresentando elevados riscos de execução. Contudo, os analistas acreditam que o PagBank está bem posicionado.
Na perspectiva do banco, mesmo com a alta de 75% em dólares em 2025, as ações ainda estão em níveis atrativos: 6,4 vezes o lucro projetado para 2026, um patamar considerado “pouco exigente”.
A recomendação é de compra, com preço-alvo de US$ 14 — um espaço relevante em relação ao patamar atual.
“Combinando dividendos robustos, expansão agressiva de crédito e a expectativa de lucros mais altos, a PAGS tem chance de atrair investidores de longo prazo e se consolidar como uma ação de múltiplos mais elevados”, avaliam Luiz Carvalho e Gustavo Cunha, do BTG.
Vantagem frente as concorrentes
Embora ainda esteja atrás da concorrente Stone (STNE), que subiu 146% em dólares no ano, a PagBank se destaca por seu plano de crescimento consistente e maior disciplina financeira.
O mercado já considera uma guinada estrutural: de simples empresa de pagamentos para um player bancário diversificado, com potencial para gerar expressivos retornos para os acionistas.