O Itaú BBA afirma que a Petrobras (PETR4) pode melhorar sua política de dividendos já em 2026, desde que reduza parte dos investimentos previstos no seu plano estratégico.
O banco estima que a estatal pode cortar até US$ 3 bilhões do capex planejado para 2026, o que seria suficiente para manter a chamada neutralidade da dívida — quando a empresa consegue financiar integralmente seus investimentos e a distribuição de dividendos sem aumentar o endividamento bruto.
Capex de 2026 e margem de manobra
O plano estratégico 2025–2029 prevê um investimento de US$ 19,6 bilhões em 2026, dos quais cerca de 81% já estão contratados.
Isso resulta em uma margem de flexibilidade de cerca de US$ 3,7 bilhões, concentrada principalmente em projetos de exploração (como SEAP 1 e 2 e revitalização da Bacia de Campos) e no refino (UFN-III e o Complexo Boaventura, antigo Comperj).
Os analistas do Itaú BBA sugerem que adiar parte desses projetos em apenas um ano poderia reduzir o capex em torno de US$ 3 bilhões, liberando fluxo de caixa para a remuneração dos acionistas.
Além disso, o banco observa que o capex de leasing, que não é contabilizado na fórmula de dividendos, tem sido inferior ao inicialmente previsto.
A estimativa inicial era de mais de US$ 5 bilhões por ano, mas a execução até o momento indica valores próximos a US$ 3 bilhões. Se esse nível se mantiver em 2026, o investimento em caixa cairia para cerca de US$ 13,7 bilhões.
Dividendos sob o petróleo a US$ 65
Considerando o petróleo tipo Brent estabilizado em US$ 65 o barril, o Itaú BBA calcula que reduzir o capex para menos de US$ 17 bilhões em 2026 eliminaria o descompasso entre geração de caixa e pagamento de dividendos, o que viabilizaria a neutralidade da dívida.
Esse cenário permitiria uma distribuição mais previsível e sustentável de dividendos, um dos principais atrativos das ações da Petrobras para investidores.
No entanto, o relatório ressalta que há desembolsos extras não incluídos na análise-base.
Entre eles, o pagamento de bônus de assinatura em leilões do pré-sal, estimado em cerca de US$ 1 bilhão, e uma possível operação de M&A avaliada entre US$ 1–2 bilhões, que marcaria o retorno da Petrobras ao setor de etanol.
Caso essas despesas se confirmem, poderiam reduzir em até US$ 2–3 bilhões o fluxo de caixa livre ao acionista (FCFE), restringindo parcialmente o espaço para dividendos.
Estratégia em revisão
O novo plano estratégico da estatal será divulgado em novembro de 2025 e pode incluir definições sobre o cronograma de projetos e o equilíbrio entre investimentos, desalavancagem e distribuição de remuneração aos acionistas.
Para o Itaú BBA, a flexibilidade na execução do capex e a disciplina na alocação de capital serão fundamentais para que a Petrobras permaneça como uma das principais ações de dividendos da bolsa brasileira.