O Citibank divulgou em 10 de outubro seu primeiro relatório de cobertura sobre o setor de telecomunicações no Brasil e América Latina.
A TIM (TIMS3) é a principal recomendação do banco para investidores que buscam se expor ao setor.
Os analistas afirmam que a empresa combina um crescimento robusto de receita, fluxo de caixa em expansão e dividendos atrativos, apresentando ainda valuation considerado mais barato que seus concorrentes.
Por que a TIM é a “top pick” do Citi
O Citi relata que a TIM é atualmente o veículo mais “limpo” para aproveitar as tendências positivas do setor.
Isso se deve ao fato de que 92% da receita da empresa vem da telefonia móvel, setor que detém o maior potencial de crescimento pós-consolidação do mercado brasileiro. Entre os principais aspectos destacados estão:
Crescimento de receita com pré-pagos
Aproximadamente 55% da base de clientes da TIM ainda está no segmento pré-pago. O banco avalia que a migração gradual para planos híbridos e pós-pagos – que têm maior valor agregado e margem – pode acelerar as receitas nos próximos anos.
Expansão de fluxo de caixa
O fluxo de caixa livre (EBITDA menos arrendamentos e capex) deve crescer a uma taxa média de +14% ao ano entre 2024 e 2027, impulsionado por ganhos de eficiência e redução na intensidade de investimentos.
Dividendos atrativos
Atualmente, a TIM negocia a 11,9 vezes o preço sobre o lucro (P/L), bem abaixo da média histórica, e deve entregar um dividend yield de 9% em 2026, superando concorrentes como Vivo (VIVT3) e América Móvil (AMX).
Os analistas reconhecem que a falta de uma estratégia convergente em serviços fixos pode gerar incertezas a longo prazo, mas consideram que, no presente, o risco é limitado.
A companhia possui uma taxa de cancelamento (churn) de apenas 0,8% no segmento pós-pago ex-M2M, abaixo da média do setor, indicando alta fidelização.
O setor de telecomunicações após a consolidação
O relatório do Citi também contextualiza o novo cenário do setor de telecomunicações no Brasil.
Após a saída da Oi do mercado móvel em 2022, formou-se um triopólio com TIM, Vivo e Claro, o que diminuiu a competição agressiva em preços e possibilitou ganhos de eficiência. Esse ambiente mais equilibrado oferece:
- maior estabilidade nas margens operacionais,
- menor pressão sobre investimentos (capex),
- e mais previsibilidade na geração de caixa.
Além disso, a cobertura do 5G tem avançado, proporcionando oportunidades de monetização, enquanto a penetração da fibra óptica (FTTH) cresce, embora com ritmos variados devido à desaceleração das ISPs (operadoras regionais).
Concorrentes: Vivo e América Móvil
O Citi mantém recomendação neutra para a Vivo (VIVT3), com preço-alvo de R$ 35, destacando fundamentos sólidos já refletidos nas cotações atuais das ações.
Por outro lado, a América Móvil (AMX), que controla a Claro no Brasil, teve a recomendação rebaixada de compra para neutra, apesar de o preço-alvo ter sido atualizado para US$ 22 por ADR (anteriormente US$ 20).
A justificativa para essa mudança é a valorização de 36% acumulada em 2025 e a expectativa de aumento na competição no México, principal mercado da operadora.
Vale a pena investir?
Seguindo a análise dos analistas do Citi, o setor de telecomunicações no Brasil é considerado defensivo, com potencial para proporcionar dividendos significativos e resultados consistentes.
Para aqueles que buscam equilíbrio entre crescimento, proteção e retorno ao acionista, a TIM é considerada a melhor oportunidade no momento.
Entretanto, o relatório adverte que a competição entre os players pode intensificar-se nos próximos anos, especialmente com os avanços no setor de banda larga e nos serviços digitais, o que pode alterar as dinâmicas de mercado.
A TIM, no entanto, deve continuar sendo a principal beneficiária da recente consolidação, com potencial de valorização e pagamentos de dividendos superiores à média.