A inflação oficial brasileira voltou a subir em setembro, pressionada pelos custos da energia elétrica.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) havia recuado 0,11% em agosto. Contudo, avançou 0,48% em setembro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com isso, a inflação oficial passou a acumular uma alta de 3,64% no ano e de 5,17% nos últimos 12 meses.
O resultado segue, portanto, acima da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central), que é de 3% em 12 meses, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.
Impacto nos juros
O IPCA de setembro, contudo, veio abaixo do esperado pelo mercado, que projetava uma alta de 0,52% da inflação no mês.
A “surpresa” pode favorecer a curva de juros. Afinal, o BC tem mantido os juros altos justamente para conter a inflação e as expectativas de inflação.
Segundo analistas, é possível que as expectativas de inflação deste ano voltem a cair no próximo Boletim Focus diante desse resultado.
A Ativa Investimentos, por exemplo, projeta um IPCA de 4,4% para 2025, mas disse que esse número “ganha contornos mais baixistas” agora.
A casa ainda afirmou que o IPCA de setembro “favorece as visões que apontam para um início precoce do próximo ciclo” de corte dos juros.
Atualmente, o mercado espera que a Selic fique em 15% até o final do ano, começando a cair apenas em 2026. Há dúvidas, no entanto, sobre o momento em que os juros começarão a ceder no próximo ano.
O que pesou na inflação?
A conta de luz foi a grande vilã da inflação em setembro, segundo o IBGE.
O preço da energia elétrica residencial havia recuado 4,21% em agosto, devido à incorporação do Bônus de Itaipu nas contas de luz.
O desconto, no entanto, não se estendeu para setembro. Além disso, a conta de luz seguiu na bandeira tarifária vermelha patamar 2, a mais cara do país. E a tarifa ainda subiu em três capitais brasileiras: São Luís, Vitória e Belém.
Por isso, o preço da energia elétrica disparou 10,31% em setembro, pesando sobre o IPCA.
Os combustíveis também ficaram mais caros em setembro, com exceção do gás veicular, que caiu 1,24%. O etanol, por exemplo, subiu 2,25%. Já a gasolina avançou 0,75% e o óleo diesel, 0,38%.
Alimentos mais baratos
Já a inflação do grupo de alimentação e bebidas recuou pelo quarto mês consecutivo em setembro.
O baque foi de 0,26% desta vez e reflete, sobretudo, o custo da alimentação no domicílio.
Entre os itens que mais baixaram de preço, estão tomate (-11,52%), cebola (-10,16%), alho (-8,70%), batata-inglesa (-8,55%) e arroz (-2,14%).
Já as frutas (2,40%) e o óleo de soja (3,57%) ficaram mais caros, assim como alimentação fora do domicílio (0,11%).
Veja como os grupos do IPCA se comportaram em setembro:
- Habitação: 2,97%;
- Vestuário: 0,63%;
- Despesas pessoais: 0,51%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,17%;
- Educação: 0,07%;
- Transportes: 0,01%;
- Comunicação: -0,17%;
- Alimentação e bebidas: -0,26%;
- Artigos de residência: -0,40%.