O presidente Lula disse, na manhã desta quinta-feira (9), que as negociações entre Brasil e Estados Unidos estão avançando. Ele destacou que Marco Rubio, secretário de Estado americano, telefonou para o chanceler brasileiro Mauro Vieira na véspera, para iniciar um diálogo bilateral entre os dois países.
Rubio foi o político indicado por Donald Trump para negociar com o Brasil depois do telefonema realizado pelos dois chefes de Estado, na semana passada. Do lado brasileiro, a equipe é composta também pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ainda não se sabe se os esforços para derrubar a taxação vão surtir efeito, mas o mercado enxerga que já há um caminho de diálogo entre os dois países, o que não era possível até antes da Assembleia da ONU (Organização das Nações Unidas).
Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores confirmou a ligação entre Rubio e Vieira, dizendo que as duas equipes vão se reunir nos próximos dias em Washington, nos EUA. A data ainda não foi divulgada, mas a expectativa é que aconteça nos próximos dias.
“O Secretário de Estado convidou o Ministro Mauro Vieira para que integre a delegação, de modo a permitir uma reunião presencial entre ambos, para tratar dos temas prioritários da relação entre o Brasil e os Estados Unidos”, destacou a pasta.
A ligação chega como uma forma de apaziguar os ânimos de muita gente que acreditava que a indicação de Rubio para as negociações era uma manobra de Trump. O secretário é conhecido por ser ainda mais ideólogo que o presidente, então havia um temor de que as conversas aumentassem ainda mais as tensões entre as duas equipes.
Lula classifica conversa com Trump como “extraordinária”
Também na manhã desta quinta, Lula comentou sobre a conversa que teve por telefone com Donald Trump, dos Estados Unidos. O líder brasileiro destacou que o telefonema foi amigável.
“Foi uma conversa extraordinariamente boa”, afirmou o presidente, durante um programa da TV Mirante, no Maranhão. “Às vezes, você pensa que as coisas vão acontecer de um jeito, que não vai ter uma boa conversa, e ela acaba sendo muito amigável, de dois presidentes de dois países importantes, das duas maiores democracias do Ocidente”, completou.
A conversa aconteceu depois que os dois chefes de Estado se encontraram nos bastidores do evento da ONU, no mês passado. Entre outros temas, eles discutiram a taxação aplicada às importações que têm origem no Brasil, que chegam a contar com imposto adicional de 50% nos EUA.
“Era preciso que a gente conversasse, colocasse os nossos problemas em torno de uma mesa. Depois dessa conversa, em que as coisas ficaram mais claras, eu disse para ele o que pensava, ele me disse o que pensava, e ficamos de marcar um encontro presencial”, prosseguiu Lula.
O presidente brasileiro defendeu que os dois países ampliem o diálogo em torno de diversos assuntos, como forma de servir de exemplo. Os dois presidentes trocaram os números de telefones pessoais, o que deve abrir caminho para que as conversas não sejam apenas pelas vias diplomáticas.
“Ele me deu o telefone pessoal dele, eu dei o meu para ele, para que a gente não precise de intermediários para fazer as coisas boas para Estados Unidos e Brasil”, disse. “Quando eu tiver um assunto político grave para tratar com o presidente Trump, ou ele comigo, não precisamos esperar que a liturgia marque data. Pega o telefone, liga um para o outro e coloca o assunto na mesa. É assim que a gente vai resolver”, finalizou Lula.