O Itaú (ITUB4) revisou para baixo sua projeção de inflação para 2025, passando de 5% para 4,7%, conforme relatório divulgado na última quinta-feira (9).
Embora o ajuste tenha sido feito, o indicador permanece próximo ao teto da meta estipulada pelo Banco Central, que é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Para 2026, a expectativa também foi levemente ajustada para baixo, de 4,4% para 4,3%. As estimativas incluem surpresas recentes nos dados do IPCA, especialmente em relação aos alimentos, que tiveram um desempenho melhor do que o esperado no curto prazo.
Alimentos, câmbio e petróleo aliviam pressão inflacionária
De acordo com o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, e sua equipe, o balanço de riscos para a inflação em 2025 está inclinado para baixo. Entre os fatores que favorecem um cenário mais benigno estão:
- Preços menos pressionados nos alimentos, tanto in natura quanto na proteína animal;
- Valorização do real frente ao dólar;
- Redução no preço do petróleo, o que pode levar a cortes nos preços da gasolina nas refinarias.
A projeção do banco é de que o dólar encerre 2025 cotado a R$ 5,50, após fechar este ano em torno de R$ 5,35.
No entanto, a equipe também alerta para pressões climáticas, como a possibilidade de acionamento da bandeira tarifária amarela no fim do ano, devido à redução do volume de chuvas, o que pode impactar os custos da energia elétrica.
Política monetária segue restritiva até 2026, diz banco
O Itaú manteve sua projeção para a Selic em 2025, prevendo que o ciclo de cortes só deve começar em janeiro de 2026, com uma redução de 0,25 ponto percentual.
A taxa básica, atualmente em 13% ao ano, deve cair para 12,75% ao longo do próximo ano.
“A expectativa é que o modelo do Banco Central indique inflação mais próxima da meta na reunião de janeiro, o que abriria espaço para uma flexibilização gradual da política monetária”, afirmaram os economistas.
A instituição destacou que, apesar de sinais de desaceleração econômica, o mercado de trabalho continua resiliente, o que mantém o compromisso do Copom com juros elevados por mais tempo, para garantir a convergência da inflação às metas.
Atividade econômica desacelera
Os dados mais recentes do PIB do segundo trimestre e da atividade nos meses seguintes reforçam a leitura de perda de ritmo da economia, mesmo com sinais mistos. Enquanto alguns indicadores apontam desaceleração, o emprego e a renda ainda sustentam o consumo.
Apesar da queda na inflação corrente, as expectativas permanecem acima da meta em vários prazos, conforme o Boletim Focus. A combinação de câmbio apreciado e diferencial de juros elevado contribui para conter os preços, mas a persistência da inflação requer, segundo o Itaú, cautela e continuidade na política monetária atual.