A Gol (GOLL54) apresentou na segunda-feira (13) uma proposta de reorganização societária que deve levar a sua saída da B3.
O plano foi elaborado em resposta aos desafios criados pelo plano de recuperação judicial, encerrado em junho. Segundo a empresa, busca reorganizar suas operações, fomentar sinergias e reduzir custos.
Por que a Gol propôs a saída da B3?
Durante a recuperação judicial, a Gol realizou um aumento de capital de R$ 12 bilhões, que exigiu a emissão de mais de nove trilhões de ações a preços simbólicos.
Essa operação ajudou a empresa a reestruturar suas contas, mas resultou na queda da cotação das ações e na diluição significativa da participação dos acionistas minoritários.
Dessa forma, restaram apenas 0,78% das ações em circulação no mercado e esses papéis começaram a ser negociados por menos de um centavo, o que não atende aos parâmetros exigidos pela B3.
A B3 exige que as companhias listadas mantenham ao menos 20% de suas ações em circulação e que esses papéis sejam cotados a pelo menos R$ 1. Por isso, notificou a Gol, estabelecendo um prazo para que a empresa se adequasse a essas regras.
Em resposta, a Gol informou que analisou alternativas para atender a essas exigências, assim como para simplificar sua governança e estrutura organizacional, visando aproveitar eficiências operacionais, administrativas e financeiras.
A decisão da empresa, no entanto, foi pela reorganização societária, com o fechamento de capital e consequente saída da Bolsa.
Proposta de incorporação
Na proposta apresentada ao mercado, a Gol Linhas Aéreas Inteligentes (atualmente listada) e a Gol Investment Brasil (sua controladora) serão incorporadas pela Gol Linhas Aéreas (GLA), uma empresa de capital fechado controlada pela Abra.
Com isso, as empresas serão extintas e a Gol deixará a B3, aumentando o número de companhias que estão saindo da Bolsa de Valores brasileira.
As opções para os acionistas
Os acionistas minoritários da Gol terão duas opções:
- Vender suas ações para a companhia por meio de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição); ou
- Manter ações da Gol Linhas Aéreas, uma empresa de capital fechado, que não tem a obrigação de seguir os requisitos mínimos de governança da B3 e cujas ações apresentam liquidez reduzida.
A Gol ainda definirá o valor por ação a ser oferecido na OPA, mas já estabeleceu a relação de troca da incorporação, que será de 1 ação ordinária da GLA para cada ação ordinária emitida e 35 ações ordinárias da GLA para cada ação preferencial da companhia.
Condições
Para seguir com esse plano, a Gol ainda necessita da autorização de seus acionistas e credores.
Por essa razão, a companhia convocou uma assembleia geral extraordinária para discutir o assunto no próximo dia 4 de novembro.
A Gol ressaltou que avançará com a reorganização societária apenas se o valor apurado no laudo de avaliação da OPA for inferior a R$ 47,25 milhões.
Ganhos esperados
Ao apresentar essa proposta, a Gol afirmou que a operação visa reduzir a estrutura organizacional do Grupo Gol, permitindo a consolidação de suas operações.
A expectativa é que, ao fazer isso, a companhia possa otimizar a eficiência operacional, simplificar processos internos, melhorar a gestão de caixa, aprimorar a gestão corporativa e ampliar o aproveitamento de sinergias fiscais, além de fortalecer sua robustez financeira.
IPO da Abra?
Vale lembrar que a Abra, controladora da Gol e da colombiana Avianca, já manifestou planos de abrir o seu capital no exterior. A reorganização societária no Brasil pode, então, facilitar o caminho para esse IPO (oferta pública inicial de ações).
A Abra decidiu também encerrar as negociações sobre uma possível fusão entre Gol e Azul (AZUL4) no final de setembro, alegando que as conversas não avançaram devido ao foco da Azul na recuperação judicial.