A Isa Energia (ISAE4) — anteriormente conhecida como Isa Cteep — está passando por um momento de transição estratégica e financeira.
A empresa vem aumentando sua alavancagem de forma gradual, o que tem atraído a atenção dos investidores e levantado dúvidas sobre o impacto dessa mudança em seus resultados e na distribuição de dividendos.
Segundo a direção, o aumento da dívida é planejado e faz parte de um reposicionamento na estrutura de capital e da ampliação de investimentos em projetos de longo prazo.
Desde 2020, a relação dívida líquida/Ebitda da empresa subiu de 1 vez para cerca de 3 vezes, com a expectativa de que o indicador atinja 4 vezes até o final de 2028, antes de iniciar um gradual processo de desalavancagem.
Endividamento estratégico
Durante o Dia do Investidor, a CFO Silvia Wada apontou que o aumento da alavancagem ocorre de forma controlada, com objetivos bem definidos.
“De fato, a alavancagem vem subindo, mas partimos de um nível subótimo antes de 2020, quando o volume de investimentos era bem menor”, afirmou.
A executiva explicou que a expansão da dívida visa fortalecer a estrutura de capital e garantir a diversificação de receitas, especialmente com o fim da RBSE (Remuneração Base de Sazonalidade de Energia), previsto para 2028.
O objetivo é evitar que, com o encerramento desse ciclo de receitas, a companhia reduza seu porte ou perca competitividade. Segundo Wada, os investimentos atuais são essenciais para manter a geração de caixa e assegurar novas fontes de faturamento a longo prazo.
Sustentabilidade e previsibilidade
O CEO Ruy Chamas complementou que o plano da Isa Energia é equilibrar os vencimentos de contratos e dívidas, evitando concentrações de renovações ao mesmo tempo.
“Queremos uma estrutura de vencimentos equilibrada, com previsibilidade e segurança para o investidor”, destacou.
Atualmente, a empresa possui contratos com prazo médio de 21 anos, um período mais longo que o de concorrentes como a Taesa (TAEE11), cujas concessões têm, em média, 14 anos e algumas delas vencem a partir de 2030.
Essa diferença reforça o perfil de estabilidade e longevidade do portfólio da Isa Energia, que a administração pretende manter até, pelo menos, 2040.
Investimentos em expansão
A Isa Energia possui um plano de R$ 7,3 bilhões em investimentos para concluir cinco projetos de transmissão de energia atualmente em construção.
Esses empreendimentos devem entrar em operação até 2029 e fazem parte da estratégia de diversificação de receitas e ampliação da capacidade operacional.
A companhia também projeta investimentos anuais de aproximadamente R$ 1,5 bilhão nos próximos cinco anos, voltados para a modernização e ampliação de ativos existentes, especialmente na concessão paulista — considerada a principal fonte de receitas do grupo.
Dividendos continuam no foco
Mesmo com o aumento do endividamento e o ciclo de investimentos em andamento, a Isa Energia afirma que os dividendos seguem como um dos principais atrativos para o investidor.
Atualmente, o payout — percentual do lucro distribuído aos acionistas — é de 75%, e o dividend yield estimado está acima de 10%, segundo cálculos da Nord Research.
Questionada sobre o impacto do aumento de investimentos no pagamento de proventos, a CFO Silvia Wada ressaltou que a empresa busca um equilíbrio entre retorno e crescimento sustentável.
“Não trabalhamos com uma meta fixa de yield anual, mas com o objetivo de gerar valor de forma contínua”, afirmou.
A executiva enfatizou que o foco é manter uma política de dividendos compatível com a geração de caixa, preservando a solidez financeira da companhia e o retorno consistente aos acionistas.