Para Rafael Passos, analista da gestora Ajax Asset, é justamente a disposição recente demonstrada por Trump em negociar com a China que fez os investidores globais darem um voto de confiança e provocarem a recuperação da maioria dos ativos ao longo desta semana.
“Em tom mais conciliador, Trump afirmou que os EUA querem ajudar a China, não prejudicá-la, sugerindo uma possível trégua antes da entrada em vigor, em 1º de novembro, de tarifas de 100% sobre produtos chineses. Ou seja, há espaço para um acordo que estabilize os mercados e reduza parte das tarifas existentes”, explica o especialista.
Todavia, alguns membros do próprio governo Trump deram declarações menos amistosas sobre as negociações entre americanos e chineses nesta terça-feira (14), o que reforça o porquê de os investidores estarem se refugiando em ativos de valor, como o ouro.
O Secretário do Tesouro Scott Bessent acusou Pequim de tentar enfraquecer a economia global ao restringir exportações de recursos vitais para a tecnologia, durante entrevista ao Financial Times. Já Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, contou à CNBC que Trump ainda pode aplicar tarifas de 100% contra os produtos chineses antes mesmo do 1º de novembro.
Por que terras raras importam tanto?
Talvez ainda não tenha ficado claro para a maioria dos investidores o porquê de um grupo de commodities metálicas, conhecido como terras raras, ser o principal responsável pela volta da guerra comercial entre Washington e Pequim.
É preciso ter em mente que as terras raras são elementos essenciais para a indústria bélica, como os ímãs feitos a partir de tais matérias-primas, que são componentes essenciais em armas militares nos EUA, como aviões de guerra, mísseis balísticos, drones e outros sistemas de defesa.
E, como a China é o país líder em reservas e exploração de terras raras, acaba mantendo os EUA em uma sinuca de bico. O Ministério do Comércio da China já indicou que não vai recuar por causa da ameaça tarifária de Trump e que o controle sobre a exportação de terras raras é legítimo, sugerindo que os americanos mantêm barreiras comerciais ainda maiores sobre os seus produtos.